Geometria e Trama
Sebastião Pedrosa
Junho a Agosto de 2017
Aparentemente o mundo é caótico: nuvens sobre cidades, mares e montanhas, águas se moldando a qualquer relevo, árvores movimentando-se ao vento, edifícios rígidos em oposição à mobilidade dos carros e das pessoas. Caos aparente. Mas noutro registro é a construção que existe no âmago das coisas. Por causa disso a expressão da pintura ligada realista, da pincelada, da sensação de velocidade é mais propensa ao caos, enquanto que a geométrica, por sua aparente imobilidade, é contemplativa por natureza. Daí a construção dos iantras, objetos de contemplação dos Iantra-Iogues, ser a expressão geométrica da natureza. é no íntimo das coisas que estão as estruturas da arte geométrica, porém não na forma, não no aspecto estético propriamente dito. A geometria, numa visão sintética, fala uma língua escrita apenas com três signos: o triângulo, o quadrado e o círculo, e todas as suas possibilidades e variações desde a pirâmide, o cubo a esfera, até a espiral que tanto espelha o búzio como a galáxia. Podemos até sugerir reduções deste vocabulário como a reta e a curva, a linha e o plano, mas são visões binárias, mínimas, para expressar o que as figuras geométricas potencialmente querem dizer. Figuras sim, figuras geométricas, pois o termo figura não é limitado ao aspecto do corpo humano, mas à forma exterior de qualquer objeto, o efeito ou a impressão que nos produzem as coisas.
Curadoria de Raul Córdula